Ser mãe já é um grande desafio em qualquer circunstância, mas quando se trata de ser mãe em um país estrangeiro, os obstáculos podem parecer ainda mais difíceis de superar. Como psicóloga, entendo que as mães brasileiras imigrantes enfrentam uma série de desafios únicos, e é importante que elas recebam todo o apoio e compreensão possível. A seguir exploramos os principais desafios da maternidade no exterior:

• Solidão: um dos principais desafios enfrentados pelas mães imigrantes é a solidão. Viver em um um novo país sem amizades ou familiares por perto pode ser muito difícil, especialmente quando se trata de criar filhos. O que significa que não têm a ajuda e o suporte de pais, irmãos, tios ou avós na criação dos filhos. Isso pode tornar a maternidade ainda mais desafiadora, especialmente quando se trata de lidar com as necessidades especiais das crianças ou em momentos de crise. A falta de uma rede de apoio pode levar a sentimentos de isolamento, ansiedade e até mesmo depressão. Por isso, é importante encontrar formas de se conectar com outras mulheres em situações semelhantes, através de grupos de apoio ou eventos comunitários.

• Barreira linguística: Não falar o idioma local pode dificultar a interação com outras pessoas, o acesso a serviços de saúde e educação e até mesmo a capacidade de ajudar seus filhos com a escola. É fundamental receber todo o suporte necessário no aprendizado da nova língua. Além disso, é importante que a comunidade local ofereça serviços de interpretação para que essas mães possam se comunicar com profissionais e agências governamentais.

• Adaptação à cultura local: As diferenças culturais podem afetar a forma como as mães imigrantes lidam com a criação dos filhos, a alimentação, a educação e muitos outros aspectos do cotidiano. As mães podem se sentir confusas e inseguras em relação a como criar seus filhos de forma adequada em um ambiente culturalmente diferente, o que pode afetar sua autoconfiança e autoestima.Além disso, muitas vezes elas precisam lidar com a pressão de se adaptar rapidamente e serem capazes de equilibrar as práticas culturais de origem com as novas práticas aprendidas, sem saber como isso pode afetar o desenvolvimento de seus filhos.É importante se informar sobre a cultura local, tentar compreender as diferenças e encontrar um equilíbrio entre suas próprias crenças e valores e os da nova cultura. 

• A pressão financeira: muitas vezes, as mulheres deixam para trás empregos estáveis ​​e bem remunerados em seus países de origem para perseguir uma vida melhor no exterior. A sobrecarga de tarefas, a falta de oportunidades de emprego e a barreira do idioma podem dificultar a obtenção de trabalho, o que pode levar a dificuldades financeiras e estresse adicional.

• Equilibrar a criação dos filhos com a carreira profissional: Isso pode ser extremamente desgastante e estressante, especialmente quando há poucas opções de creche ou escola em que as crianças possam ficar enquanto a mãe trabalha. A falta de opções de trabalho flexíveis também pode dificultar o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.

• Separação e guarda dos filhos: Quando uma mãe imigrante se separa de seu parceiro, ela muitas vezes se depara com a difícil decisão de deixar seus filhos em um país estrangeiro para retornar ao Brasil ou permanecer com eles, muitas vezes enfrentando dificuldades financeiras e emocionais. Além disso, a questão da guarda dos filhos pode se tornar um desafio ainda maior quando as leis do país anfitrião são diferentes das leis brasileiras, o que pode resultar em processos jurídicos complexos e muitas vezes exaustivos. É comum que essas mães se sintam sozinhas e desamparadas em sua luta para manter seus filhos por perto e garantir seu bem-estar, e é importante que recebam suporte emocional e prático para enfrentar esses desafios. Existem associações que oferecem suporte, como a Revibra Europa, especialista em guarda internacional e em situações de violências domésticas no exterior. 

A maternidade no exterior também pode afetar o senso de identidade de uma mãe. A perda de familiaridade com a cultura de origem, o isolamento social e o sentimento de falta de pertencimento a um grupo podem levar a sentimentos de deslocamento cultural e perda de identidade. Essas questões podem ter um efeito profundo no bem-estar psicológico da mãe e, por sua vez, afetar a relação com seus filhos e sua capacidade de se relacionar com a nova cultura. Em resumo, a maternidade no exterior pode ser um desafio emocionalmente desgastante, que requer cuidados específicos e estratégias de adaptação para garantir o bem-estar das mães e o desenvolvimento saudável de seus filhos.

A psicoterapia pode ser uma ferramenta valiosa para lidar com o estresse e a ansiedade da maternidade no exterior. É compreensível se sentir sobrecarregada e vulnerável em outro país, mas é importante lembrar que pedir ajuda não é sinal de fraqueza e que não podemos naturalizar a sobrecarga das mulheres. A coragem que uma mãe demonstra todos os dias enfrentando barreiras culturais enquanto continua a perseguir os seus sonhos e a construir uma vida melhor para si e para suas famílias é inspiradora!

Você já enfrentou algumas dessas dificuldades? Como tem sido a sua experiência de maternidade no exterior? Vamos adorar ler você aqui embaixo.

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